Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil, Manutenção, Montagem, Estradas, Pontes, Pavimentação e Terraplanagem do Estado do Espírito Santo

Menor investimento em 15 anos em infraestrutura vai piorar crise econômica

Data: 25/02/2021

Para especialistas, o orçamento de 2021 do governo Bolsonaro que corta investimentos em infraestrutura, privilegiando os militares, piora a economia e não abre vagas de empregos O orçamento do governo federal para 2021 projetado para o setor de infraestrutura pela equipe econômica, comandada pelo ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes é o menor dos últimos 15 anos. O corte pode colapsar não apenas projetos futuros como não ter dinheiro, sequer, para a manutenção básica de diversos setores como rodovias, portos, habitação e saneamento básico, entre outros.

Para obras de infraestrutura estão previstos apenas R$ 28,6 bilhões, neste ano. Em 2020, o investimento também ficou muito aquém do necessário, com apenas 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), afirmou o economista Claudio Frischtak, especialista em infraestrutura ouvido pelo jornal O Estado de São Paulo.

O montante é muito menor do que foi investido nos governos petistas de Lula e Dilma, que teve uma média de 3% do PIB, divididos entre o setor público (com maior participação) e o privado. Nesses perêodos, houve um auge de geração de empregos no Brasil, afirma o professor de economia da Unicamp, Marcelo Manzano. "O Brasil investe muito pouco em infraestrutura. Nos governos Lula e Dilma chegamos a 3%, por que encontraram tudo destruêdo pelo governo de Fernando Henrique Cardoso [FHC]. Quando os investimentos em infraestrutura do paês estavam mantendo uma média razoável e refletindo em mais vagas de emprego, veio o golpe de 2016, e desde lá o paês vem investindo menos de 2% do PIB", conta o professor da Unicamp.

Enquanto o governo de Jair Bolsonaro sucateia estradas, rodovias, portos, aeroportos, entre outras atividades importantes para a geração de emprego, a Pasta da Defesa terá um reajuste, em relação a 2020, de 4,7%, totalizando R$ 110,7 bilhões para as despesas primárias dos militares. O valor está na projeção do orçamento enviado ao Congresso Nacional, em agosto de 2020, mas que ainda não foi votado.

Para Edson Silva, assessor da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) e especialista em saneamento, o investimento necessário em infraestrutura em 2021 é de 4,15%, do PIB, mas o governo não enxerga e reduz o orçamento, impactando no aumento do desemprego, na quebradeira de indústrias e na fuga de investimentos do paês.

"A lógica que norteia o governo Bolsonaro é de fortalecer os militares e enfraquecer outras politicas públicas. Isto fica provado nas quedas orçamentárias de 2021. Os investimentos públicos e privados foram de 1,87% do PIB (R$133 bilhões) e este ano será um recorde de baixa", lamenta o especialista.

Somente para o Ministério do Desenvolvimento Regional , que cuida das polêticas de mobilização, o orçamento é de apenas R$ 8,9 bilhões - um queda de 6%", afirma Edson Silva.

Investimentos públicos são necessários para geração de emprego e renda

A mesma lógica que a falta de investimentos em infraestrutura pode aprofundar a crise econômica, tem o professor da Unicamp, Marcelo Manzano. Para ele, a decisão do governo Bolsonaro em não investir em infraestrutura é gravêssima, um erro estratégico que afeta várias dimensões.

"Se considerarmos paêses em desenvolvimento, como o Brasil, em que é preciso fazer ainda muita obra para o bem estar da população e, para que a economia cresça, o investimento ideal gira em torno de 5% do PIB", diz Manzano.

O economista explica ainda que "boa parte deste êndice vem de investimento público, o restante do privado. O investimento público é fundamental para puxar e estruturar eixos do investimento privado. Por exemplo, quando o governo investe em ramais ferroviários, o setor privado entra com ações complementares, como estações e rede elétrica nos locais que serão atendidos pelo novo ramal ferroviário. Há uma complementaridade muito grande".


Investir em habitação é gerar empregos

Um aspecto importante, segundo o professor da Unicamp, é o investimento em habitação. Nos governos Lula e Dilma, os investimentos no programa Minha Casa, Minha Vida, trouxeram não apenas mais empregos como benefêcios para as famêlias brasileiras.

"O básico para um trabalhador é ter um endereço. Muita gente não consegue fazer um crédito e ter uma conta em banco, por que não consegue sequer ter uma conta de celular, água e luz que comprove que ele tem um endereço fixo, de que será encontrado caso a instituição financeira precise fazer um contato", explica o professor.

Ter uma residência traz tranquilidade para a famêlia, educação para os filhos e moradia melhor. Investir em infraestrutura para habitação é componente chave para a sociedade, mas foi desmontado pelos governos Temer e Bolsonaro - Marcelo Manzano

O investimento em habitação é um dos que mais geram emprego e renda, com vantagens de empregar trabalhadores e trabalhadoras de diferentes qualificações, do engenheiro ao técnico e ao pedreiro com baixa qualificação profissional. Mas, para isso é preciso haver crédito dado pelos bancos públicos como BNDES, Caixa, Banco do Brasil e Banco do Nordeste. No entanto, mais uma vez, a equipe econômica de Paulo Guedes, vê o banco público como concorrente direito dos bancos privados, apesar deles não darem o financiamento necessário, pela demora em recuperar o capital investido, acredita Manzano. "O BNDES foi desmontado por Temer e Bolsonaro que consideram a concorrência do banco público desleal com os bancos privados. Mas nenhuma outra instituição financeira privada tomou o lugar do BNDES, que cumpria um papel fundamental ao investir em infraestrutura. Hoje o banco só financia projetos de privatização das estatais, se tornou um agente de financiamento da privatização, como no governo FHC", critica o economista. CUT Brasil

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